PRODUZIR BENEFÍCIOS POR MEIO DA MEDIAÇÃO - continuação

Quando falamos em mediação, conforme iniciamos o assunto na postagem anterior, entitulada: "O Mundo não é apenas conflitos - Há meios para se produzir benefícios" (http://www.romilson-lima.blogspot.com.br/2013/02/o-mundo-nao-e-apenas-conflitos-ha-meios.html), falamos principalmente de uma autocomposição que deve ser abordada como uma atuação de um mediador que requer não apenas a atualização de técnicas apropriadas mas também a incorporação dessas técnicas  na sua atividade.

Um treinamento para mediação utiliza abordagens pedagógicas heterodoxas como vídeos exemplificativos, exercícios simulados e supervisão. A dispensa de qualquer dessas práticas pedagógicas, como nos mostra as pesquisas em mediação, seguramente influenciará a percepção de satisfação dos usuários. Neste ponto, devemos fazer distinção entre processo e procedimento. Nesse contexto, o processo possui uma força que justifica e direciona a prática dos atos do procedimento, sua manifestação extrínsica, a fim de alcançar a composição da lide submetida ao poder jurisdicional. É como se o processo fosse trilhos que assegurassem a prática sucessiva e lógica dos atos do procedimento.

Essa conceituação adapta-se à lógica de autocomposição. Na esfera da mediação, o processo tem como finalidade a solução de um conflito pelas partes e a superação, em definitivo, dos fatores que levaram à disputa. O procedimento consiste nas etapas que o mediador segue com o intuito de alcançar essa finalidade. Essas etapas devem ser claramente identificadas no processo, como sugerimos: Início da Mediação; Reunião de Informações; Identificação de Questões, seus Interesses e Sentimentos; Esclarecimentos das Controvésias e dos Interesses; Resolução das Questões; Registro das Soluções Encontradas.

O Início da Mediação: Nessa etapa o mediador apresenta-se às partes, diz como prefere ser chamado, faz uma breve explicação do que constitui a mediação, quais são as fases e quais são as garantias. Deve-se perguntar às partes como elas preferem ser chamadas e estabelece um tom apropriado para resolução de disputas. Sua linguagem corporal deve transmitir serenidade e objetividade para a condução dos trabalhos.

Reunião de Informações: Após uma exposição feita pelas partes, respeitando-se suas perspectivas, às quais o mediador, dentre outras posturas igualmente apropriadas, terá escutado-as ativamente, haverá oportunidade também de elaborar perguntas que lhe auxiliarão a entender os aspectos do conflito que estiverem obscuros.

Identificação de Questões, Intresses e Sentimentos: Durante essa fase, o mediador fará um resumo do conflito utilizando uma linguagem positiva e neutra. Há significativo valor nesse resumo, pois será por meio dele que as partes saberão que o mediador está ouvindo as suas questões e as compreendendo. Além disso, o resumo feito pelo mediador impõe ordem à discussão e serve como uma forma de recapitular tudo que foi exposto até aquele momento.

Esclarecimento das Controvérsias e dos Intereses: Com uso de determinadas técnicas de entrevista, o mediador formulará, nesta fase, diversas perguntas para as partes a fim de favorecer a elucidação das questõe controvertidas.

Resolução das Questões: Tendo sido alcançada adequada compreensão do conflito durante as fases anteriores, o mediador pode, nessa etapa, conduzir as partes a analisarem possíveis soluções.

Registro das Soluções Enconradas: Nesta etapa, por fim, o mediador e as partes irão testar a solução alcançada e, sendo ela satisfatória, redigirão um acordo escrito se as partes assim o quiserem. Em caso de impasse, será feita uma revisão das questões e interesses das partes e também serão discutidos os passos subsequentes a serem seguidos.

Meus leitores devem considerar que as seis etapas aqui apresentadas foram suscintadas com o objetivo de uma rápida orientação de modelo. A sua aplicação, imbuída com adequada sensibildade do agente mediador imprime, contudo, uma técnica muito eficiente para a solução de conflitos.

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