O MÉDIUM JOÃO DE DEUS - O silêncio é uma prece.
O projeto do cineasta carioca Candé Salles foi
transformar a trajetória do médium João de Deus em documentário. O ponto de
partida foi contar o cotidiano do centro de tratamento espiritual que recebe
milhares de pessoas por ano, mais de duas mil por semana.
Neste contexto e propondo contar detalhes nos
aspectos do atendimento que frequentemente ocorrem na Casa assistencial, o
cineasta, então, se viu inicialmente numa encruzilhada durante uma visita à Suíça, há cinco
anos. Numa adiantada fase de gravações, ele notou que havia uma certa
resistência por parte de João Teixeira de Faria, conhecido por João de Deus,
que, por vezes, percebia a câmera e não se mostrava presente por inteiro. Num
breve diálogo, as coisas se resolveram. “Tenho que filmar tudo”, ponderou o
diretor, ao que João de Deus questionou: “Você vai fazer um filme sobre a
verdade?”. Candé respondeu que sim, e
João foi direto: “Então, pode filmar o que quiser”. O resultado de tanta
liberdade poderá ser conferido na próxima quarta no cine Brasília, no
pré-lançamento, 14/03/2018, e a partir de maio na pré-estreia nacional, no
filme João de Deus — O silêncio é uma
prece.
Sem definição de limites e atento aos movimentos na
Casa Dom Inácio de Loyola (sede para os feitos de João de Deus), Candé Salles
partiu para a investigação de fenômenos que desafiam a mera racionalidade, como
a forte impressão sentida diante da cura da mulher de um amigo, que disse ter
superado um câncer na cabeça graças a João. Começaram aí a pesquisar o poder
emanado pelo médium que fixou residência em Abadiânia (interior de Goiás).
Ao consultar sobre a disponibilidade de João para a
realização do filme, que tem duração de 80 minutos, Candé assumiu uma missão:
teria que buscar uma espécie de autorização do Doutor Augusto de Almeida,
espírito costumeiro na lida de João de Deus. “Falei da minha vontade com o
filme, sobre a escolha do tema, e fui surpreendido quando ele disse: ‘Fui eu
que te escolhi’. Houve, então, a sinalização, mas ele me alertou que eu estava
‘sujo’, completando: ‘Deixa eu te limpar’. Ali, começou minha viagem de
autoconhecimento e o processo de entendimento”, observa o cineasta.
O realizador não tem dúvidas sobre o sucesso da
empreitada. Mostrado no Festival do Rio e com direito a três sessões lotadas no
MIS (São Paulo), O silêncio é uma prece repercutiu. Marcado pelas cores azul e
branca na concepção visual, uma lembrança da liberdade e da igualdade, o longa
foi feito com baixo orçamento. “O filme reflete um colorido que combina com a
representação de alegria. É um filme de amor. As pessoas me agradeciam,
abraçando bastante. Fiquei feliz. Filmar o sobrenatural é algo difícil. Muitos
entendem e se sensibilizam”, comenta o diretor.
O longa-metragem traz farto material inédito, com
apoio apenas de uma imagem de arquivo, registro do encontro de João de Deus com
Chico Xavier. “Eles eram amigos e se adoravam”, avalia Candé Salles. Na
condição de cineasta, o diretor travou contato com o homem que, analfabeto
funcional (é notório que João não lê nem escreve), domina uma prática escorada
em fundamentos de pureza. “Fui arrebatado, no coração, por sentimentos de paz,
amor e leveza. Em Abadiânia, fiquei admirado com a casa da sopa, destinada a
necessitados, e com a tranquilidade alcançada na casa de meditação”, comenta o
diretor. “Na casa de meditação, vi as ondas de amor e de saúde. Presenciei a
realização de vários desejos dos frequentadores”, reforça. Viagens a cada mês,
além de uma temporada durante a qual morou na Casa Dom Inácio de Loyola por
meio ano, formataram a visão de Candé Salles, cujo filme terá pré-estreia em
maio.
“Fui lá para fazer um filme. Não acreditava
necessariamente no trabalho dele. Todas as descobertas foram muito orgânicas. E
a verdade filmada está lá. Vi muito milagres: pessoas foram curadas na minha
frente. Dia a dia, vi as mensagens do João de Deus para os pacientes, sempre
repetidas com o mesmo entusiasmo”, explica. Católico, mesma crença que orienta
João de Deus (que, recentemente, teve uma filha batizada), o cineasta conta que
ficou adepto da “passiflora” (medicamento extraído da natureza e com
manipulação em farmácia local). “É algo que traz muita paz, serve como guia e
nos limpa. Uso como uma espécie de ato energético, que estimula nossa conexão
com valores positivos”, avalia.
O cineasta salienta que João de Deus é um
“apaixonado pela obra de médicos” e que, na Casa Dom Inácio de Loyola, os
funcionários são encorajados a reforçar que as pessoas que passam por lá nunca
abandonem consultas e tratamentos médicos. “Ele defende medidas em paralelo.
João ama médicos, profissionais que ele respeita demais e que considera os
‘verdadeiros médiuns de Deus’, sempre dedicados, nas 24 horas de cada dia”,
sublinha.
Roteirista Edna Gomes - convive com o médium há mais sete anos.
Roteiro da cura
Integrada à rotina do médium há mais de sete anos,
a roteirista Edna Gomes conta que parte importante na espinha dorsal do longa
está relacionada a constatações de cura. “O tempo de cinco anos para o filme
trouxe essa possibilidade. A ideia foi mostrar o olhar macro das pessoas, elas
têm que olhar para dentro de si. Buscamos mostrar o que é o silêncio no
processo de cura e reforçar o que João, um verdadeiro missionário de Deus, diz:
que a cura está dentro de cada um. Há algo inexplicável na obra dele, ele tem
enorme magnitude”, conta Edna, que assina o primeiro roteiro. Estudiosa
incansável do espiritismo, Edna ressalta que chegou à missão atual por um
processo de dor emocional. “Tinha algo de soberba e, antes, trazia um olhar
muito individual”, admite.
Em paralelo às obras de caridade, a vida pessoal de
João de Deus está repassada no documentário. Há 19 anos juntos, Ana Teixeira e
João de Faria viram a câmera de Candé Salles captar até mesmo o pedido de
casamento, feito por Ana, há três anos. Mesmo a fase difícil, quando o médium
seguiu para o Hospital Sírio-Libanês a fim de tratar de um câncer no estômago,
está no filme. “Teve enorme valor testemunhar o amor lindo e o companheirismo
de João e Ana, exposto pela primeira vez no filme. Foi gratificante perceber
como me confiaram a intimidade”, diz o cineasta.
Tratamentos visíveis e registrados em depoimentos
para o filme marcaram Candé Salles. “Vi muita gente sair sem nada de dor e
também acompanhei relatos incríveis. No João de Deus, detectei ‘ego zero’. Ele
nem tem vontades para si. Está sempre preocupado em entender as necessidades
dos outros. Ele se doa demais, pelo próximo”, descreve o cineasta. Aos 42 anos,
assume ter sido “contaminado”, outrora, pelos universos do cinema e da moda. “É
onde se quer sempre o melhor”, diz. No currículo, Candé Salles traz certo
paparico do júri popular do 22º Festival Mix Brasil (2014), quando o longa
anterior, Para sempre teu Caio F. , foi premiado como o melhor da mostra.
Com a produção de João de Deus — O silêncio é uma
prece, o diretor percorreu circuito em cidades da Alemanha, da Suíça e dos
Estados Unidos. “A partir do filme, mudei minha postura com os outros. Entendi
que coisas, objetos não são importantes. Não importa cargo profissional, a
bolsa que alguém usa, a aparência. Passei a dar mais carinho e atenção para os
outros. O gesto de estender um prato de sopa para quem precisa, por exemplo, é
tão modificador. Com o filme, passei a olhar para todos. Me atento a atos que
possam ajudar as pessoas”, afirma.
Brevemente o documentário entrará em cartaz em circuito nacional e já conta com grande expectativa do grande público apreciador do gênero, tal os fatos mediúnicos narrados e apontados pelo cineasta., Mas, contudo, ainda não foi liberado o trailer de divulgação.
Brevemente o documentário entrará em cartaz em circuito nacional e já conta com grande expectativa do grande público apreciador do gênero, tal os fatos mediúnicos narrados e apontados pelo cineasta., Mas, contudo, ainda não foi liberado o trailer de divulgação.
O
cineasta Candé Salles, ao lado de João de Deus: cinco anos para produção do
filme.
E assista também a mais nova exibição nacional, sucesso de crítica: "Os Farofeiros"
Casa lotada neste pré-lançamento do filme. O último convite foi meu, acredite se quiser.... Assim, quis Deus me favorecer com este documentário intrigante.
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