A COMISSÃO DE DIREITOS HUMANOS - EIS OS FATOS.
A Comissão de
Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados elegeu com 11 votos e uma
abstenção o pastor Marco Feliciano (PSC-SP) para o cargo de Presidente. A
eleição foi realizada com as portas fechadas e sem a participação dos
movimentos organizados que ficaram impedidos de entrar na comissão por
determinação do Presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves.
O Deputado
eleito publicou em seu twitter, em 2011, “Africanos
descendem de ancestral amaldiçoado por Noé. Isso é fato. O motivo da maldição é
polêmica. Não sejam irresponsáveis twiterss rsss... Sobr e o continente africano repousa a maldição do paganismo, ocultismo,
misérias, doenças oriundas de lá: Ébola, Aids, Fome... (sic)”. Sobr e
os homossexuais: “a podridão dos
sentimentos dos homoafetivos leva ao ódio, ao crime e à rejeição”.
Ícones de uma
sociedade perversa e mentirosa, esse Deputado representa agentes públicos de
uma sociedade que nega veementemente o racismo, o machismo e a homofobia mas
que, no entanto, os praticam diariamente. Esse fato faz parte do racismo à br asileira,
na maioria das vezes, dissimulado e escorregadio e praticado nas entrelinhas
e/ou agressivos como este comentário.
O pastor acaba
de assumir nada mais nada menos que a Comissão de Direitos Humanos e Minorias.
Uma Casa que representa a nação br asileira,
composta hoje por 97 milhões de pessoas que se declararam negras ou pardas e
com uma população expressiva de Índios e Lésbicas, gays, Bissexuais, Travestis,
Transsexuais e Transgêneros – LGBTT.
A Comissão dos
Direitos Humanos e Minorias têm, dentre outras, atribuições constitucionais e
regimentais de receber, avaliar e investigar denúncias de violações aos
Direitos Humanos; discutir e votar propostas legislativas sobr e
o tema; fiscalizar e acompanhar a execução de programas governamentais, além de
realizar pesquisas e estudos relativos à situação dos direitos humanos no
Brasil e no mundo.
O que assusta? O
silêncio e a aceitação da imposição de uma decisão puramente política, sem
levar em conta os movimentos e organizações que lutaram e continuam lutando no
sentido de assegurar direitos às minorias. O Brasil se coloca na contramão da
história na medida em que nomeia uma pessoa despreparada, em todos os sentidos,
para entender e acolher os diferentes.
O Brasil é um país marcado por desigualdades: sociais,
econômicas, regionais, etárias, educacionais e com isso potencializa os seus
mecanismos de exclusão. Então aqui ficam fortemente marcadas as desigualdades
de gênero e de raça, pois o mito da democracia racial não permitiu que os
negros br asileiros promovessem uma mobilização
significativa em torno das questões raciais, o que é lamentável.
Ainda, em 2011, o Deputado Jair Messias Bolsonaro foi
questionado sobre o que faria se seu filho namorasse uma mulher negra, ele
respondeu que não corria esse risco de seu filho se apaixonar por uma negra,
porque eles haviam sido muito bem educados.
Se o Brasil fosse um
país sério, declarações como as que foram feitas pelos nobres Deputados seriam
motivo para perda de mandato, no entanto, essas ocorrências explícitas de
racismo causaram apenas polêmica nos meios sociais, e agora concedeu ao pastor
Marco Feliciano o prêmio, o de assumir uma Comissão que certamente ele não dará
importância alguma.
por: Márcia Maria da Silva
Psicóloga e Servidora Pública Federal
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