PRANDELLI – TÉCNICO DA SELEÇÃO ITALIANA – UMA LIDERANÇA CARISMÁTICA.

Um time que vem de uma derrota acachapante por 4 a 2 para o Brasil e perdeu sua maior referência no ataque, o atacante Mario Balotelli, cortado por contusão. Além disso, ainda vive com a incógnita de não saber se terá seu maior maestro, Andrea Pirlo. Por tudo isso, o momento parece ser propício para uma virada, e ninguém melhor que o técnico Cesare Prandelli para comandar esse processo. Pelo menos é isso que mostra sua história de vida e também de superações.

O técnico de 55 anos nasceu na pequena cidade de Orzinuovi, norte da Itália, e de pouco mais de 10 mil habitantes. Lá, conheceu, quando tinha 18 anos, Manuela Caffi, na época com 15. A paixão de adolescência virou um amor que acabou em casamento, rendeu dois filhos e mais de 30 anos de matrimônio. A paixão de ambos só foi separada pela morte, no momento mais difícil e de drama pessoal para Prandelli.

Em 2001, Manuela teve diagnosticado um câncer de mama. Passou a fazer tratamento, sempre acompanhada do marido, que tentava alavancar sua carreira como treinador de futebol.

Depois de rodar por clubes pequenos como Lecce, Verona, Venezia e Parma, Prandelli teve a grande chance de sua carreira no ano de 2004. Foi convidado para treinar a Roma, um dos maiores clubes do país. O sonho, no entanto, foi rápido. Na mesma época, sua mulher teve piora no quadro e ficou muito doente em função do câncer.

Prandelli resolveu jogar a grande chance de sua carreira por água abaixo em função da fidelidade à companheira. De contrato assinado e antes de a temporada começar, pediu para deixar o clube e dar um tempo do futebol. Estava sem cabeça e queria se dedicar somente a sua mulher. Ficou um ano longe dos gramados, até uma melhora da esposa. Mas durou pouco. No dia 26 de novembro de 2007, Manuela Caffi morreu em sua casa, na cidade de Florença, quando o técnico comandava a Fiorentina.

O treinador viveu momentos tristes seguidos de emoção. Foi aplaudido de pé e reverenciado pela torcida de seu clube na primeira vez que voltou a campo após o baque psicológico. Os torcedores do time violeta o exaltaram com diversas faixas em campo. Uma delas, imensa, foi estendida com os dizeres: "A passagem do tempo vai diminuir sua dor. Ela te olhará lá de cima e sua estrela te guiará para sempre". Foi difícil superar a emoção. Por diversos momentos respirou fundo para tentar evitar o choro.

Sua persistência e superação, no entanto, o fizeram ser recompensado no futuro. A grande chance que não pôde aproveitar na Roma seria reposta por outra ainda maior. Fez bons trabalhos na Fiorentina até ser convidado para assumir a seleção italiana em um plano de reconstrução da equipe combalida após a eliminação na Copa do Mundo de 2010. 



No âmbito pessoal também deu a volta por cima. Um ano depois da morte de sua mulher, engatou um namoro com Novella Benini, ainda sua namorada, que está até no Brasil em sua companhia. Em sua passagem pela Copa das Confederações, demonstra sempre bom humor e atende humildemente aos fãs. Sempre que reconhecido em suas caminhadas matinais, para e tira fotos pacientemente.

Agora, o momento é de concentração para bater os melhores do mundo. Prandelli passou o treinamento da última terça-feira reunido por um bom tempo no meio do campo, conversando com os jogadores. Falava calmamente enquanto todos observavam sentados. E os italianos apostam em sua imagem para uma virada.

"Ele é um homem visto como exemplo na sociedade italiana por sua postura correta de agir moralmente. Ele leva isso em conta na sua maneira de agir. Se um atleta não se comportar bem em seu clube, não terá chance na seleção. Foi isso que aconteceu com Osvaldo, porque não quis receber o prêmio da Roma após o vice-campeonato. Ele preza muito pela disciplina e carrega muito bem a imagem nacional", falou o jornalista Stefano Salandin, do jornal italiano Tuttosport.

"É um exemplo moral na Itália por ser um cara muito correto. Sempre foi um cara que fez várias beneficências para as pessoas e atividades sociais sem querer que soubessem disso", disse o jornalista Fabio Russo, que ressalta que sua imagem segura para os jogadores o faz ser a pessoa certa para dar a volta por cima em momentos delicados."Ele pegou a Fiorentina uma vez na última colocação com 15 gols sofridos em quatro jogos. Uniu o grupo e terminou na quinta colocação", endossou..
Fonte: UOL

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