NÃO SE TORNE IMUNE AO APRENDIZADO. VOCÊ MERECE EVOLUIR E CRESCER!

Então, pensemos com maior amplitude: Por que mesmo com tantas provas contra o Lula e também contra tantos outros petistas na atualidade, mesmo assim, há tantas milhares de pessoas que não caem na real e continuam a agir como se nada houvesse acontecido. Continuam apoiando não apenas ele, já encarcerado, mas  outros corruptos e corruptores, ladrões comprovadamente condenados em duas instâncias? Cair na real, por exemplo, acontece com os eleitores do Aécio Neves que nunca mais votarão nele. Líderes presos por ações que tenham desvirtuado o seu próprio caráter deveriam ser circunstâncias a nos levar à reflexão sempre, porque envolvem importantes instrumentos de evolução pessoal e coletiva, mas não ao seu alheamento...

Então, vamos entender cientificamente como a neurociência explica isso!

Os estudiosos explicam sobre a imunização cognitiva.

Cognitiva vem de cognição, que é o processo de aquisição do conhecimento, incluindo o pensar, a reflexão, a imaginação, a atenção, raciocínio, memória, juízo, o discurso, a percepção visual e auditiva, a aprendizagem, a consciência, as emoções. Envolve os processos mentais que influenciam o comportamento de cada indivíduo.

A imunização cognitiva é um escudo que permite que as pessoas se agarrem a valores e credos, mesmo que fatos objetivos demonstrem que eles não correspondem à verdade. A pessoa cognitivamente imunizada está no terreno da fé, que dispensa o raciocínio lógico, no íntimo refrata qualquer coisa que vá contra seu credo. Para ela, argumentos lógicos não têm relevância. Ela sequer reage, pois não há outra alternativa além daquela que se agarrou.

E então assistimos gente com estudo, inteligente, articulada, que sabemos não está tirando nenhum proveito material, mas, entretanto, defende em público o indefensável. Como é que essas pessoas chegam a esse ponto?

Existem, ao menos, cinco fases no processo de imunização cognitiva.

Primeira fase: isolamento de quem tem opiniões contrárias a dela. Assim ela passa a proteger suas próprias ideias. A pessoa vai eliminando de seu convívio ou mesmo de sua atenção todo aquele que pensa diferente.

Segunda fase: redução da exposição às ideias contrárias. Passa a ler e ouvir apenas as opiniões em linha com seus credos. Nos países totalitários, é quando a liberdade de expressão passa a ser ameaçada, quando a imprensa perde a liberdade, quando vozes dissidentes são caladas. É quando os processos educacionais adotam opiniões selecionadas, com autores e textos cuidadosamente escolhidos para seguir apenas uma visão de mundo.

Terceira fase: conexão dos credos a emoções poderosas. Se você não seguir aquelas ideias, algo de ruim vai acontecer. Lembra do "se você pecar, vai para o inferno"? Se você se afastar do sistema entrará em desequilíbrio. Se você não votar naquele candidato, sua vida, suas economias, seus benefícios estarão em perigo...

Quarta fase: associação a grupos que trabalham para combater as ideias dos grupos contrários. Isso acontece não só em política ou em ambiente religioso, mas até mesmo na ciência, quando métodos de investigação científica focam nas fraquezas das teorias adversárias, ignorando os seus pontos fortes.

Quinta fase: a repetição. Repetição, repetição, repetição. Cria-se um tema, um slogan que materializa um determinado credo ou visão, que passa a ser repetido como um mantra, numa técnica de aprendizado. O grito "não vai ter golpe", por exemplo, não é uma criação espontânea, não é uma obra do acaso. É algo pensado, calculado. Sua repetição imuniza cognitivamente as pessoas contra os argumentos que favoreceram o impeachment. Imuniza cognitivamente as pessoas a não enxergarem e a não reagirem às imposições de um opressor maldoso.

Os especialistas em psicologia das massas sabem que nossas mentes evoluíram muito mais para proteger nossos credos que para avaliar o que é verdade e o que é mentira. E os especialistas em comunicação constroem retóricas fantásticas, com intenção de desviar o tema principal e, especialmente, imunizar cognitivamente os soldados da causa.

E aí, meu caro, minha cara, não adianta mostrar o vídeo, o recibo, o cheque, o testemunho do caseiro, a ordem da transportadora, o grampo telefônico, os desvios financeiros, o ato judicializado e até mesmo confesso... O imunizado cognitivo está vacinado contra fatos objetivos.

Naturalmente esse "torpor cognitivo" não se restringe ao campo politico, social, econômico e, principalmente, religioso. Ele perpassa todas as áreas da vida humana e faz, por exemplo, que uma pessoa acredite, mesmo contra a razão, que o Brasil é o melhor lugar do mundo; que o "Coríntians e o Flamengo" ganham campeonatos sem "maracutaia"; que o capitalismo é o responsável por todos os males do mundo; que chá de boldo cura o câncer; que o seu credo religioso é o essencial para a humanidade ou é o caminho assertivo de evolução das massas..., e por aí vai.

Tá explicado então? Se você está se sentindo entorpecido das ideias, incapaz de descer do muro, não consegue enxergar novas ideias além daquela que se habituou, provavelmente alguém está lhe ministrando umas doses de imunizante cognitivo.

E você nem percebeu que está. Com o tempo você deixa de questionar o óbvio e se acomoda no absurdo, e perde-se dos mecanismos que o manteria na razão. Então, em se ausentando da razão, o seu mundo fica cada vez mais reduzido.

O nazista Goebel usava muito bem isso, o fascismo de Mussolini e o comunismo de Fidel, Mao e Stalin também. E muitos até hoje usam. Subverte a harmonia das coisas e subliminarmente passa a oprimir sem que o oprimido, fisgado pelo processo, saiba como reagir.

Uma mentira repetida várias vezes pode tornar-se uma verdade na cabeça de muitos. Contudo, não esqueçamos que o importante continua sendo nós. Que possamos, então, analisar criticamente tudo o que nos cerca com o máximo de discernimento; que saibamos separar os detalhes para avaliar as peças; entender as mensagens e as ideias que nos chegam e não nos tornarmos apenas passivos a elas; e que desejemos aprender mais, por diferentes caminhos, para que então possamos entender o que é se sentir evoluir.

Com adaptações do texto original: autor Rogério Mendelski