NÓS NA RUA NINGUÉM DESATA!
Meus Amigos, as manifestações no Brasil
ainda não pararam e espero que não parem tão cedo. Há muito tempo que eu não
assistia a um despertar tão fulgurante como o que estamos presenciando nas ruas
atualmente. Pessoas criativas, conscientes, determinadas, e com pleno domínio
da sua força. Observo os meus Amigos mais próximos e os flagro sempre
discutindo sobre as tantas injustiças. É bonito assisti-los.
O
QUE CABE EM VINTE CENTAVOS?
Em
vinte centavos cabem os 7,2%. Aquele percentual que faltava, desde 2000, para
inteirar os 327% de aumento.
Cabem
avenidas humanas. Cabem corredores de gente.
Cabe
uma refeição pulada; cabe uma catraca pulada. Mas não cabe aumento no salário do cobrador, nem do
motorista.
Cabe
a diferença entre preço e valor.
Cabe
impedir de ir e vir, para lembrar que nem todos podem ir ou mesmo vir.
Cabem
cidades virando balcão de negócios.
Cabe
rimar transporte com direito.
Cabe
decretar falência, de ordem e órgãos de um sistema que não serve nem nunca
serviu.
Cabe
a palavra “basta” e tudo que ela carrega.
Em
vinte centavos cabem cartazes, bandeiras, faixas, máscaras, megafones, flores e
poemas.
Cabe
cutucar sonhos e os adormecidos. Desmascarar conservadores e enrustidos.
Despolarizar falsas polaridades.
Cabe
polarizar. Cabe politizar.
Cabe
fazer política com as próprias mãos; com bocas; com pernas; e pedras pra se
defender se for preciso.
E
vai ser preciso porque isso aqui é ditadura disfarçada com outra cor de farda.
E
não se surpreenda, pois não será televisionada como se deve.
Nem
compreendida e nem contextualizada.
Dos
dois lados da moeda só a coroa será mostrada e os ases da violência autorizada.
Mas
a bala é de borracha / A bala é de borracha / E vai doer / Vai doer.
Em
vinte centavos cabem paródias olê-olás.
Cabem
gritos de torcidas e de guerra.
Cabe
escancarar a guerra silenciosa.
Cabe
Turquia. Cabe Grécia. Duas moedas para tirar as cidades da inércia.
Cabe
reforçar os gritos do campo e das florestas onde as balas de metal matam cada
dia mais.
Não,
não é só passagem. É dar passagem para sonhos e gritos entalados.
Zero
vírgula dois. Vírgula!
O que as ruas pedem é
outro país.
Comentários
Postar um comentário